Limiar de 1959, Fulgêncio Batista é destituído pelas forças
revolucionárias comandadas por Fidel Castro, na famosa rendição da Baia
dos Porcos. Desse dia em diante, Cuba não mais iria funcionar como o
quintal das farras norte-americanas, pelo contrário, acabaria sendo
isolada do mundo a partir do comando dos EUA, sofrendo privações por
optar pelo regime comunista.
Pouco antes disso, a Bossa Nova brasileira acabara de nascer com a
interpretação de Elizete Cardoso em Chega de Saudade; por essa época,
nas rádios de Nova York e Washington, além do Jazz, do Blues e do Rock, a
Salsa, o Merengue e outros ritmos cubanos complementavam a cena
musical. Com o desfraldar da vitória de Fidel, imediatamente, duas ações
emanaram da Casa Branca: o total varrimento de qualquer som oriundo da
Ilha de Guantánamo das rádios em toda a terra de Tio Sam e a cruzada
pela América do Sul da tal turma do Departamento de Estado a fim de se
fundar várias ditaduras militares que servissem de escudo aos ecos
comunistas que sopravam de Havana.
Com o hiato criado pela censura musical ao som cubano, e em função de
muitas manobras de “boas vizinhanças”, de repente, 1962, lá vai a
música brasileira – sintetizada pela Bossa Nova – ocupar o espaço
forçosamente deixado pelo “Son” dos bambas agora Castrofiados. Fazia
total sentido para os norte-americanos, pois a Bossa Nova derivava da
mescla da rítmica do Samba brasileiro com a harmonia do Jazz nativo.
Para muitas cabeças não pensantes daqui, era o auge saber que a
música brasileira entrara para o altar dos Quakers; para as poucas
cabeças pensantes que aqui não se deslumbraram com o fato, seria a morte
ao Samba. E mais do que rápido, sob a tutela do Senador Pedro Ernesto,
trataram de instituir, pouco mais de um mês após o famoso concerto de
João Gilberto no Carnegie Hall de Nova York, o Dia Nacional do Samba, a
ser comemorado todo 2 de Dezembro, a partir de 1962. É confortante saber
que, na história brasileira, pelo menos uma vez, algum político, de
forma verdadeira, fez alguma coisa pela cultura musical deste país…Viva o
Samba!!
P.S.: No próximo dia 02 de Dezembro de 2010, estarei, oficialmente, lançando no ar o site www.teroca.com.br, ocasião em que lanço, também, o meu segundo CD autoral, intitulado “Elos do Samba”, que conta com a participação interpreta-
tiva de grandes bambas, como Monarco, Delcio Carvalho, Wilson Moreira,
D.Ináh, Chapinha e outros grandes amigos e amigas que o samba me deu.
publicação original do Jornal Tribuna Impressa e portal Araraquara.com dia 25/11/2010