A cada verão que vivenciamos, essa canção me chega assombrando os sonhos, as alvoradas, porque o panorama é sempre o mesmo: o descaso das autoridades no que tange a proporcionar aos seus cidadãos o uso e ocupação do solo mais racionalmente, a desgraça dos menos providos financeiramente que acabam se alojando nas encostas e antigas várzeas de rios, pontos nevrálgicos de um já muito desequilibrado ecossistema e chuvas acima da média devido ao aquecimento global, que os senhores do poder insistem em empurrar com a barriga metas reais e contundentes para se tentar aliviar a fúria da mãe natureza, cansada de tanta exploração que visa única e exclusivamente o acúmulo e concentração de riqueza monetária, alardeada pelos quatro cantos do planeta como visão desenvolvimentista, que gera emprego e renda, independente de mais nada…
O segundo samba se intitula As Forças da Natureza, que, em sua primeira estrofe, já dá o tom: “Quando o sol se derramar em toda a sua essência/desafiando o poder da ciência/pra combater o mal/ e o mar com suas águas bravias/levar consigo o pó dos nossos dias/vai ser um bom sinal…”. Como engenheiro, fico aqui pensando em que modelo hidrológico deveremos nos basear daqui pra frente, a julgar as cenas seqüenciais de Santa Catarina, de Alagoas/Pernambuco e agora da Serra Fluminense… O que a engenharia poderá fazer, a não ser criar/efetivar um sistema de alarme para evitar mais desgraça? Porque a desgraça virá, já que a Natureza está chorando, literalmente, com suas chuvas torrenciais, que não nos deixam dúvida alguma, estão chorando sobre o corpo do planeta.
publicação original do Jornal Tribuna Impressa e portal Araraquara.com
dia 20/01/2011