Com cento e noventa e cinco anos de histórias para contar, a nossa Morada do Sol comemora,
neste mês de Agosto, muito além de seu quase ducentenário territorial. A
cidade que, a partir de um alto IDH anunciado pelos quatro cantos, se
destaca no cenário brasileiro e transcende, certamente, o rótulo de
“negócios e cultura” estampado em placas orientativas aos visitantes.
Particularmente, no que tange à cultura, observamos – com
muito orgulho – que nossos berços geraram, geram e, ao manter a
tradição, continuarão a gerar um número de artistas e agitadores
culturais muito acima da média para uma população de pouco mais de
duzentos mil habitantes, se comparada a cidades desse porte ou, até, com
contingente populacional relativamente maior.
Essa conclusão qualquer araraquarense poderá tirar, para
isso basta pensar num gênero artístico e, quase que imediatamente,
encontrará um representante da terra, de alto gabarito na área, senão
vejamos… Música erudita…Maestro José Tescari, escultura…Mestre Jorge,
pintura…Ernesto Lia…
E por aí vai, a se formar uma imensa lista.
Antecipadamente me desculpando por provavelmente me esquecer de muitos
outros nomes de peso, nesta listagem não poderiam faltar, por exemplo,
na literatura Loyola Brandão e Pedrinho Renzi, na dança Gilsamara Moura
e a professora Leonice Piovani, no teatro Wallace Rodrigues, Ariovaldo
dos Santos e os irmãos Martinez Correa…
Puxando pela memória, teríamos na xilogravura o Lívio
Abramo – irmão da Lélia, das novelas, teatro e da família, já que é
minha tia-avó – no cinema o Marcelo Machado e o Herbert Richers, no
jornalismo o Marco Antonio Rodrigues, nas caricaturas e histórias em
quadrinhos temos o Lucas Lima e o Seabra…É muita gente bamba, em
qualquer atividade artística…
Deixei a música popular para o final, afinal, como dizem
os entendidos, a música popular é “a musa das musas”…Neste quesito,
creio existirem muitos destaques em cada subgênero, a começar pela
música sertaneja de raiz, com a dupla Cascatinha e Inhana e o Rodrigo
Zanc da viola, os diversos corais maravilhosos formados como o do
maestro Moacir e o da Suzi Mendes, a orquestra polifônica do Renato de
Oliveira, o grupo Seresteiros comandado pela Kris Pires, que não só
canta como encanta ao interpretar e tocar a mais pura MPB, o choroso e
magnífico Quarteto Café do Fabiano, Carrapicho, André e Éverton, o
sempre lembrado violão do Expedito e seus amigos, o Caê Rolfsen e seu
multi-talento para cantar, compor, tocar e arranjar, a escola livre de
música que ano após ano revela talentos no bandolim, violão de sete
cordas e cavaquinho como o Eloi “Arlindinho” Brito e o Danilo Possetti, a
flauta e o sax mágico do Claudinho Pesse, sem falar no piano
educadíssimo do Didinho …Ah, ia me esquecendo dos intérpretes, quanta
gente boa, como a querida Adriana Gennari, a Jussara Vargas, a Silvinha
Haddad, o Juninho Barros…E os infindos batuqueiros do samba, como a
“dinastia Silva” formada pelo Noé, Marcão, Amarelinho e seus outros
irmãos, o Ciro Pitoco…E os grandes músicos que já se foram, como o Piru e
o Chiquinho Batera/Carlinhos Java…
É, acho melhor parar a lista por aqui, não haverá espaço
suficiente para declinar todos os nomes que precisariam estar nela…Vou
seguir o conselho de um outro aniversariante de Agosto, meu amigo e
professor Hildemar Diniz, o Monarco, que, ao finalizar o famoso samba
“Passado de Glória” em homenagem à sua Portela, eternizou o verso: “se
for falar da Portela, hoje eu não vou terminar”…Faço minha essa frase e
adaptando, chegaríamos a “se for falar de Araraquara, hoje eu não vou
terminar”. Feliz aniversário, Aracoara, seus artistas te protegem!!!