Neste 13 de Agosto (de 1.969) é relembrada a data da passagem de
Jacob Pick Bittencourt – mais conhecido como Jacob do Bandolim – por
este plano menor em que convivemos; esta data é quase coincidente ao
passamento de Elvis Presley (17 de Agosto, só que de 1.977).
Musicalmente, dois grandes bambas em suas praias, os quais, em seus
apogeus – Jacob na década de 1.940, Elvis na década de 1.950 –
sacramentaram seus legados através de milhares de fãs e seguidores até
os dias atuais.
Interessantemente – e em todos os anos, há bastante
tempo, nota-se a mesma coisa, podem conferir na mídia dos próximos dias –
aqui no Brasil, salvo alguma manifestação mais localizada pró
Jacob, o que se lê em jornais e portais internéticos, o que se vê em
TVs abertas ou não, o que se ouve em rádios A.M., F.M. e na web, são
notícias, vídeodocumentários e especiais radiofônicos sobre Elvis, quase
que com exclusividade.
Se estivéssemos em Memphis, na Califórnia, ou em suas
adjacências norte-americanas, ou ainda em países de língua inglesa, o
fato não soaria nada além do normal, do óbvio, do mais que esperado, até
para se manter acesa a chama do ídolo da guitarra, idolatria, aliás,
que começou a ser sacramentada aqui no Brasil bem antes de seu
surgimento, justamente na década em que surgia Jacob e seu mágico
bandolim, idos de 1.940, no entreposto da Segunda Guerra Mundial, em que
as nações amigas deixam de ter o sotaque alemão e embarcam de mala e
cuia no american way of life.
Nessas horas é que vemos, sentimos, percebemos o que
significa o ser dominante e o ser recessivo que nos ensinaram nos
caminhos biológicos da escola. A língua inglesa, logo após o cessar fogo
de 1.945 com a rendição das tropas de Hitler e a ascensão do
imperialismo norte-americano, substitui o arquitetado esperanto como
língua universal e, tal qual aquele famoso jogo de entretenimento (?)
chamado “War” que até hoje é diversão de muitos adolescentes, vai
tomando territórios nos cinco continentes, capitalizando literalmente
povos das mais distantes paragens, ignorando seus costumes locais que
gradativamente vão sendo substituídos, seja na culinária – dobradinha
fastfood/coca-cola – seja na vestimenta – calça jeans/mocassim – seja na
música – rock´roll e adjacentes.
Antes de mais nada, quero ressaltar que nada tenho contra o Elvis, reconheço inclusive sua técnica, carisma e legado; no entanto, depois de mais tudo ,
aproveito esta pequena crônica para ressaltar a técnica, o carisma e o
legado de Jacob, que, a partir de um instrumento que, coincidentemente,
não tem origem anglicana/americana, o trouxe, com seu dedilhado choroso,
para as mais nobres esferas da música popular e até erudita, com o
abraçar musical de VillaLobos e sua turma. Questiono, isto sim, o porquê
de a mídia, pelo menos a brasileira, não dar o mesmo tratamento para um
e para outro; questiono, isto sim, o porquê de um baixo volume ser
suficiente para enlevar a alma de quem escuta um bandolim bem
interpretado, em contrapartida a um altíssimo volume às vezes não ser
suficiente para anestesiar a alma de quem escuta um solo de guitarra…
Como sei que essas respostas jamais serão dadas, mesmo
porquê o que se é imposto não carece de questionamento – dentro de
nossas tradições coloniais, colonos eternos que somos – levanto aqui a
bandeira do choro, gênero genuinamente brasileiro, e, que teve, tem, e
ainda terá muitos praticantes, seja com bandolim, cavaquinho ou flauta
como instrumentos solos…Salve a brasilidade de Jacob, o mestre do
chorinho!!!